Andar de mota no inverno implica algum equipamento extra, como as luvas mais grossas para proteger do frio e da chuva, mas a verdade é que as mãos estão bastante expostas ao vento, e mesmo com as luvas de inverno, ao fim de poucos KM, as mãos começam a arrefecer.
Para resolver este problema, decidi avançar com a instalação de punhos aquecidos. À partida é um acessório que não interfere em nada na condução da mota, e pode trazer algum conforto extra.
A montagem, a julgar por alguns vídeos que encontrei na internet, era bastante simples, e a diferença de preço com que me deparei entre as lojas portuguesas e as lojas estrangeiras era bastante significativa. Assim, decidir arriscar e mandei vir este acessório para efetuar eu próprio a montagem.
Existem várias marcas que comercializam punhos aquecidos, mas entre todas, a Oxford parece ser bastante conceituada, e tem preços acessíveis. Dos vários modelos existentes, elegi os Premium Touring, devido a terem a medida correta para os punhos da Suri.
Eu comecei pela passagem do cabo de alimentação da zona da bateria para a zona da frente da mota, pois era o passo que mais me preocupava, devido a não saber que espaço iria existir para passar cabos.
Primeiro remove-se a parte o acabamento à volta do vidro, soltando dois parafusos na frente (logo abaixo do vidro) e soltando a peça com cuidado para não partir.
Com esta peça removida, colocam-se a descobertos os quatro parafusos que fixam o vidro. É preciso remover estes parafusos com cuidado, para não se perderem as anilhas.
Com o vidro removido, agora é altura de remover a peça plástica que se encontra por baixo do vidro. Para isso, temos de retirar os dois parafusos que a prendem à carenagem, e depois, pressionando com a palma da mão para baixo, consegue soltar-se dos encaixes laterais.
O passo seguinte é passar um cabo guia da zona da bateria (que se encontra debaixo do banco, na zona da frente, atrás de uma pequena tampa) para a frente da mota. Esta parte deu algum trabalho e na realidade não me deixou totalmente satisfeito, pois o trabalho tinha ficado mais bem feito se eu tivesse desmontado a carenagem toda por forma a ver exatamente por onde o cabo estaria a passar…
Em qualquer dos casos, envolvi o cabo original numa manga de plástico para lhe conferir mais alguma proteção, e lá consegui passar o cabo para a zona da frente da mota.
De seguida, é preciso remover os punhos originais. A maior parte das pessoas pura e simplesmente corta os punhos antigos para os remover, mas eu nunca fui muito adepto destas soluções, e gosto sempre de ter a possibilidade de voltar atrás no processo.
Primeiro temos de remover os pesos existentes nas extremidades dos punhos, e depois, utilizando uma pequena chave de fendas (de preferência não muito afiada para não correr o risco de romper a borracha) vamos, com calma, soltando o punho original. Para ajudar nesta tarefa utilizei um compressor de ar com a respetiva pistola, que ajudou a soltar o punho.
De notar que o punho do acelerador, ao contrário do punho esquerdo, não tinha cola quase nenhuma, e era a própria peça de plástico do acelerador que, devido ao seu feitio, segura a borracha no lugar.
E aqui as coisas complicaram. Os punhos originais eram bastante maleáveis, mas estes Oxford que ia montar eram feitos de uma borracha bem mais rija (para conter no interior os elementos de aquecimento) e no punho do acelerador era completamente impossível “vencer” a saliência existente. Depois de muito ler, lá percebi que não tinha outra hipótese que não cortar a saliência de modo a conseguir encaixar o novo punho. Doeu-me a alma…mas teve de ser!
Nas fotos seguintes já é possível ver os punhos Oxford encaixados.
Os punhos têm uma marcação para acertar a posição, mas é sempre bom verificar se as manetes mexem sem problemas, nomeadamente a manete do travão da frente.
Com os punhos no lugar, agora é vez de fixar o controlo. Isto é feito substituindo os parafusos que fixam os controlos no punho esquerdo pelos fornecidos, juntamente com uma espécie de anilhas que dão a altura suficiente.
O passo seguinte é efetuar as ligações e assegurar que todos os cabos estão fixos com braçadeiras, por forma a não incomodar o guiador de virar.
E pronto, agora já se pode testar tudo e verificar se os punhos estão a funcionar corretamente.
Antes de colocar novamente os pesos nos punhos, é preciso cortar os bocados que ficam salientes. Eu cortei apenas do punho direito, uma vez que no esquerdo não existe movimento e é possível forçar um pouco o peso.
Aqui fica o aspeto final.
Este artigo foi escrito numa altura em que já fiz alguns quilómetros após a montagem, e apanhei alguns dias mais frios. É um conforto extra muito bem vindo. Não é perfeito, uma vez que a parte de cima da mão continua a levar com vento e a arrefecer, mas ajuda e muito a manter a temperatura das mãos bem razoável.