Ao contrário de um carro, onde entramos e andamos, na mota é preciso uma série de material adicional, seja para proteção, seja para nos tornar o dia-a-dia mais confortável.
Como faço sempre, foram meses a ler reviews, opiniões, consultar todos os sites e mais alguns até ter decidido o material a adquirir. Aqui fica a lista atual.
Uma das primeiras coisas a escolher era o material de proteção, nomeadamente o capacete, o casaco e as luvas.
O capacete
A escolha do capacete ocupou-me muitas horas de pesquisa. Por um lado queremos uma coisa prática para o dia-a-dia, mas o mais importante de tudo é sem dúvida a segurança. Os capacetes tipo jet são muito giros, mas oferecem pouca segurança e como tal, foram colocados imediatamente de lado.
Assim, restavam os integrais ou os modulares. Apesar de serem um pouco mais ruidosos, lé me decidi que seria um modular. É seguro (quando fechado, claro), e é versátil o suficiente para se abrir e falar com alguém, efetuar um pagamento, e até o colocar o capacete é muito mais simples com um modular.
Sendo que a mota é uma scooter (e como tal a velocidade é reduzida), achei que não se justificava um topo de gama (tipo um Schubert ou um Shoei), mas tinha um pouco de receio dos modelos mais em conta, tipo Nau e similares. Após alguma pesquisa na internet (e utilizando também um site que dá algumas luzes sobre a segurança de cada capacete – http://sharp.direct.gov.uk/) lá cheguei a dois modelos que gostava e queria experimentar: um LS2 e um Caberg Duke.
Apesar de na internet se encontrarem a preços mais acessíveis que nas lojas disponíveis aqui na zona de Lisboa, o experimentar o capacete era essencial, e como tal era preferível gastar mais 20 ou 30 euros e comparar numa loja tradicional. Visitei 2 ou 3 lojas para ver o que eles lá tinham (existem inúmeros modelos), mas acabei por escolher a IBA na Praça de Espanha para experimentar os dois que queria. A loja é enorme, com uma variedade como não encontrei em mais lado nenhum, e apesar de ter encontrado na internet algumas queixas (ainda que essas remontam já a 2012), a verdade é que fui bem atendido e foram muito simpáticos, deixando-me experimentar os dois que queria, mas também sugerindo outros similares e trazendo para eu os testar. Acho que experimentei os 8 ou 10 capacetes diferentes, e infelizmente o Caberg Duke ficou logo pelo caminho, pois é demasiado redondo para a minha cabeça. Ficava com o queixo a bater na frente.
Nota: por muito que se leia…os capacetes têm de ser experimentados. Existem formatos muito diferentes (mais redondos, mais ovais) e nem todos vão assentar bem em todas as cabeças.
Após sei lá quanto tempo dentro da loja, tinha dois modelos que me assentavam bem: o LS2 FF370 e um Scorpion Exo-910 Air, que nunca tinha ouvido falar. O Scorpion era mais confortável que o LS2 e parecia ter outra qualidade de construção, mas era o dobro do preço do LS2 (200 euros versus 100). Ainda assim, e após alguma ponderação, lá me decidi pelo Scorpion. Afinal, vou andar com aquilo quase todos os dias, e portanto se puder ter mais algum conforto e segurança…vale a pena o investimento.
O Scorpion EX-910 AIR é um capacete modular, com visor de sol integrada e ainda traz o pinlock de série, que no caso do LS2 teria de comprar à parte.
Mas o capacete ainda não estava completo…faltava-me o KIT para utilização do telemóvel em mãos livres, e que também serve para ouvir rádio, ou até falar com a pendura no caso do capacete dela um dia vir a ser equipado com isto. Neste ponto a escolha foi simples, uma vez que a opinião sobre os melhores equipamentos era relativamente unanime: Scala Rider da Cardo Systems. Existem vários modelos, mas escolhi o Q1 (ver site do fabricante aqui) por ter tudo o que necessitava (rádio, ligação telemóvel, etc).
O casaco
O casaco é um elemento crucial de proteção. Seja em caso de queda, seja no dia-a-dia, para proteger do frio e da chuva. Tentei procurar modelos que fizessem o que toda a gente diz ser quase impossível: ter um casaco para o ano inteiro! A maior parte dos casacos têm duas camadas, sendo que a segunda camada serve para tornar o casaco impermeável, mas o modelo que escolhi tem três camadas. A base servirá (espero eu!) para andar no verão. É leve, tem duas grandes entradas de ar em rede logo na frente e espero que não seja super quente quando chegarem os dias de calor. A segunda camada acrescenta uma layer impermeável, e que ao mesmo tempo serve de corta-vento. Já a terceira camada é um forro térmico, destino a manter-nos quentinhos durante o dias de inverno. Ah, e vem (claro) com proteções nos cotovelos e nos ombros. A proteção das costas terá de ser comprada à parte.
As luvas
A escolha das luvas foi a menos estudada. Queria umas que tivessem alguma proteção, mas não poderiam ser muito grossas, pois a minha inexperiência em andar de mota ficaria comprometida. Pedi ajuda na Lopes & Lopes onde comprei a mota, e foram-me aconselhadas umas finas, da Alpine Stars. Foi-me logo dito que não iriam servir para os dias mais frios, mas para os primeiros tempos, até me habituar à mota eram uma boa opção, por permitirem ter uma boa sensibilidade.
Andei com elas cerca de 1 mês, e quando o frio começou a apertar tive de ir comprar outras, mais grossas, mas por esta altura já tinha mais de 1000 KM na mota, e a transição foi mais suave.
Luvas de verão: Alpine Stars Spartan (proteção rígida nos nós dos dedos e dedos, palma da mão com reforço)
Luvas de inverno: RST Shadow II (proteção rígida nos nós dos dedos e dedos, palma da mão com reforço em pele, forro térmico 3M Thinsulate, ajuste no punho e no pulso)
Apesar das RST serem impermeáveis, a verdade é que ao apanhar grandes chuvadas ficam encharcadas por fora, e depois o vento ao passar faz arrefecer as mãos. Assim, aproveitei uma campanha do LIDL e comprei um par das luvas deles (são mais finas, mas também com camada 3M Thinsulate) que utilizo quando chove, poupando assim as RST (além do que estas do LIDL secam muito rapidamente, mais rápido que as RST).
Após escolhido o material para mim, restava agora acrescentar duas ou três coisas na mota: suporte para o telemóvel e a mala traseira para aumentar o espaço de carga.
O suporte para o telefone escolhi o modelo S955B (existem vários similares, para telefones específicos, uma vez que o meu é para o iPhone 5S). Este modelo tem uma pequena pala no topo para ajudar contra o sol, e ainda vem com uma capa impermeável. Ver aqui o site do fabricante.
A mala de carga extra, escolhi também uma GIVI (o modelo da Honda era apetecível por utilizar a mesma chave que a mota, mas o preço é assustador) de 30 L com encosto para o passageiro, de modo a tentar levar algum conforto extra à minha pendura, que também se ia estrear no mundo das duas rodas… e tinha de fazer tudo para a experiência ser a melhor possível (ou a menos má possível!).
Quando a mota fez a revisão dos 1000 KM, aproveitei para a preparar melhor para a chuva (estávamos em novembro e já tinha apanhado umas chuvadas que deram para perceber que era um bom investimento) e troquei os pneus IRC que vêm de origem por uns Michelin City Grip.
Na revisão dos 4000 KM andei com uma mota de substituição que tinha os IRC de origem, e a diferença nota-se e bem. Seja em piso molhado, ou até no carris dos elétricos, os meus Michelin fazem a diferença na estabilidade da mota. Bom investimento!
Seis meses volvidos desde que entrei no mundo das duas rodas, e tudo está a correr bem. Adaptei-me bem (demais!), o dinheiro gasto por mês em combustível desceu maravilhosamente, e tempo ganho por dia é espetacular. Mas mais que ganhar tempo, é o saber que demoramos X minutos de um ponto ao outro. Seja com mais ou menos transito, acidentes, chuva…é irrelevante. Passamos no meio dos carros, e chegamos sempre a tempo!