Expedição Mauritânia 2012 (dia 4 online!)

Publicado por em 12 de Janeiro de 2014

25 de setembro a 12 de outubro de 2012

Dados Técnicos
– Percurso Total: ~8.800 Km
– Litros de combustível gastos: ~1070 litros
– Valor gasto em combustível: ~950 euros
– Consumo Médio: 12,80 L/100 Km

Links diretos:
Dia 1, Dia 2, Dia 3, Dia 4

Dia 1, São Domingos de Rana – Casablanca, 1.150 Km (estrada) – Track Ceuta a Casablanca
Hotel Suisse Casablanca – Visite o site do hotel
Ver todas as fotos do dia 01 aqui.
“1º Dia de viagem. Começou cedo, com o despertador a pedir atenção por volta das 3:30 da manhã. Noutro dia qualquer seria muito complicado arrastar o corpo para fora da cama, mas a expetativa da viagem rapidamente se instalou e nem foi preciso o despertador voltar a avisar.

O carro, devidamente carregado de véspera, estava à nossa espera na garagem, e rapidamente nos pusemos a rolar, com destino à área de serviço de Caia, onde nos iriamos reunir com o resto da caravana, e depois para Algeciras para apanhar o barco.

A viagem decorreu sem incidentes, com uma velocidade bastante estável e a rondar os 110 Km/h, o que nos permitiu atingir um excelente consumo de 10 l/100 km nos cerca de 750 KM percorridos desde São Domingos de Rana até à bomba de combustível na estrada à saída de Ceuta.

Mas o dia ainda não tinha terminado, e após Ceuta tínhamos ainda 400 KM para fazer até chegarmos a Casablanca. Durante este trajeto deu para perceber que algo estava mal com o carro, pois sempre que puxava um pouco mais por ele começava a soluçar e tinha alguma dificuldade em ganhar velocidade.
Isto começa mal… Mas não impedia o nosso progresso, e continuámos até Casablanca, onde chegámos já passava das 22:30.

Ficámos no hotel Suisse. Um hotel com boas condições, com parque de estacionamento próprio (ainda que não tenha capacidade para muitos carros), guarda no parque, e quartos espaçosos. Se estiver em Casablanca apenas de passagem e quiser despachar-se este não é o hotel ideal, pois a sua localização implica atravessar Casablanca, o que com o trânsito pode ser tarefa árdua.”







 

Dia 2, Casablanca-Tan Tan, 776 Km (estrada) – Track
Ksar Tafnidilt – Visite o site do albergue
Ver todas as fotos do dia 2 aqui.
“O problema detetado no dia anterior, foi neste dia alvo de alguma atenção. Numa paragem para reparar o Toyota ‘Papa-Formigas’, recebi a ajuda do Mabeco que tinha ideia de onde poderia ser o problema de engasgar que tinha detetado no dia anterior. Abriu-se o capot e reparou-se que o mecanismo de acionamento da Wastegate estava solto.

Após algum debate entre o Mabeco e o Suricata (que já me queria desmontar tudo), o Mabeco conseguiu com um pequeno arame prender o pino no lugar novamente.

Reparação feita e seguimos viagem. Reparei de imediato que a resposta do acelerador estava diferente. Dai para a frente, a coisa veio a funcionar melhor, mas mesmo assim, e de vez em quando, o carro continua a soluçar intermitentemente. Com indicação do Mabeco, que já tinha tido este problema no Defender dele, colocou-se um bocado de WD40 na válvula Wastegate e prosseguimos viagem. O problema surgia de vez em quando.

A chegada do albergue é feita em pista. O albergue é honesto, com boa comida e começa a cheirar ao Marrocos que tanto gostamos…desde a comida, ao alojamento. Estamos em áfrica!”









 


Dia 3, Tan Tan-Dakhla, 870 Km (estrada) – Track
Hotel Sahara Regency – Visite o site do hotel
Ver todas as fotos do dia 3 aqui
“Dia de ligação entre Tan Tan e Dakhla, com cerca de 870 KM em estradas nacionais, tipicamente estreitas e, na parte inicial até Layounne, com bastante trânsito.

O dia começou com o Disco a mostrar novamente os sintomas do dia anterior, soluçando e com alguma dificuldade em elevar a velocidade para lá dos 120. Numa pequena paragem foi trocada a MAF pela do Jacaré (obrigado) e meteu-se mais um bocado de WD40. Aproveitei ainda para ligar o Nanocom para ler algum erro e conseguir observar os valores de funcionamento.

A MAF não teve qualquer efeito, mas mais uma vez pareceu-me que o WD40 na Wastegate obteve algum resultado. A leitura do Nanocom confirma tudo ok com a entrada de ar, com a EGR, mas que realmente, quando em esforço, a pressão do Turbo desce abruptamente para 0, indiciando algum problema com o turbo.

Durante a hora de almoço foi colocado mais um bocado de WD40 e a wastegate foi novamente forçada a mexer umas quantas vezes. Ao arrancar notei logo a diferença no carro, e desde ai até ao final do dia o carro portou-se muito melhor, apesar dos ocasionais engasganços, parecendo confirmar a teoria de problema na Wastegate avançada pelo Mabeco.

Vamos ver como se porta amanhã, sendo que vou tentar logo de manhã colocar um bocado de WD40 antes de arrancar, mas se se mantiver como hoje fico satisfeito.

Entretanto, e como não podia deixar de ser, arranjei uma teoria para tentar justificar o sucedido: no dia 2 verificámos que a Wastegate não estava a ser atuada porque o atuador estava solto…ora, uma vez que não andava com o carro desde junho, deveria andar solta, pelo menos, desde essa altura, causando algum ‘agarrar’ do mecanismo.

Dakhla é uma cidade simpática. Limpa e, aparentemente, bem organizada, é a face do esforço levado a cabo por Marrocos para trazer ‘colonos’ para esta área, justificando assim o bem que Marrocos está a fazer em ocupar o Sahara Ocidental. Existem, segundo nos contaram, uma série de apoios e subsídios para as pessoas virem morar para estas paragens; Os preços são controlados e isso é bem visível no preço do gasóleo, que aqui custa apenas 0,6 euros/litro, ao contrário do 1 euro/litro que vimos em Tânger, Casablanca ou Tan Tan.

O Hotel é bastante simpático, e no hall de entrada até temos acesso sem fios à internet de forma gratuita. Já conseguir ter o pequeno-almoço muito cedo demonstrou ser complicado”









 

Dia 4, Dakhla-Acampamento (junto à linha do comboio), 560 Km (380 estrada+180 pista) – Track(parcial, apenas até à fronteira)

Ver todas as fotos do dia 4 aqui
“O nosso dia D: a entrada na Mauritânia.

Acordámos cedo, e fizemos com bastante espectativa a ligação por estrada que nos ia levar à fronteira. O percurso nesta zona é bastante monótono, longas retas (KM e KM) e com uma paisagem com pouco a dizer, sempre lisa, com alguma vegetação rasteira e, de muito em muito, um dromedário.

Um pouco antes da fronteira existem duas áreas de serviço, uma delas conhecida como “o barbas”. A ideia era abastecer os carros de combustível que aqui no Sahara Ocidental é mais barato (cerca de 60 cêntimos por cada litro) e também encher os depósitos de água, para utilização no acampamento.
A parte do abastecimento de combustível (incluindo os jerrycans) correu bem, mas a água mostrou ser um pouco mais complicado, pois nenhuma das bombas tinha torneira à mão (aliás, nós abastecemos na primeira bomba e essa nem sequer água tem), mas lá conseguimos descobrir umas torneiras no interior da bomba do barbas e tivemos apenas de arranjar maneira de trazer a água para os depósitos. Felizmente o Corvo tinha um pequeno depósito portátil que utilizei eu, o Hiena e ele próprio.

Após os abastecimentos lá seguimos para a fronteira…onde passámos umas horas valentes à espera nunca se sabe bem do quê. Na fronteira (da Mauritânia) aguardavam-nos o Rogério (médico da expedição), o Sidi (o nosso guia mauritano) e o Iáiá (será assim que se escreve?) a conduzir o 14 carro desta viagem, o Pombo.

Mas o mais impressionante da passagem das fronteiras é sem dúvida a zona ‘de ninguém’ existente entre Marrocos e a Mauritânia. Após passarmos a fronteira marroquina, e antes de chegarmos à Mauritânia, existe uma zona que não pertence a nenhum dos países. É uma pequena zona, com cerca de 1 ou 2 KM de comprimento, e que supostamente tem esta faixa por onde se passa de um pais para o outro, estando o restante espaço minado.



Esta zona é bastante sinistra, e por todo o lado se veem carros partidos, desmontados e até alguns, aparentemente, novos e a funcionar. É uma zona de negócios, onde se vendem peças de carros, trocam-se matrículas de uns carros para os outros…chega até a ser um pouco assustador ver aquelas pessoas de ar duvidoso a vaguear por ali…a olhar para o nosso carro (será que as nossas matriculas interessam? ). Existe de tudo, desde BMW X5 com ar novo e sem matrícula, até mercedes velhos com matrícula alemã recente (coincidência, ou talvez não).

Após algumas horas (sim…não cronometrei, mas devemos ter demorado umas duas ou três horas para passar as duas fronteiras), lá entrámos finalmente na Mauritânia, e poucos KM depois em pista. A nossa viagem começa agora!

A pista segue para este, sempre junto à linha do comboio. É preciso ir com atenção quando a pista se aproxima muito da linha, pois existem muitas peças metálicas deixadas ao abandono e que podem danificar os pneus. Neste dia ainda conseguimos fazer cerca de 180 KM nesta pista onde já se apanha alguma areia.

O primeiro acampamento foi montado junto à linha, mas a areia levantada pelo vento que se fazia sentir estragou a noite, e rapidamente todos recolherem para dentro das tendas, abrigados da areia.”









 

10 Responses to Expedição Mauritânia 2012 (dia 4 online!)

  1. João Lobão

    Parabéns pela excelente página; para mim que também ando nestas andanças é sem dúvida uma plataforma de aprendizagem, especialmente na preparação das viagens a África e pela partilha dessas mesmas aventuras.
    Tal como eu, gosta de grandes espaços e de fazer km´s;
    Vou continuar a ler a página e não desista!
    Abraçox4

  2. José Cruz

    Parabéns pelo trabalho está fantástico, também gosto muito de fazer Km por terras de África, mas nunca fiz um documentários destes mais uma vez parabéns

    • Pedro Machado

      Obrigado José.

      O tempo é pouco… e por vezes a paciência também! Por isso é que isto foi em 2012 e ainda só vou no dia 4, eheheh. Mas pronto, é por carolice, e é para ir fazendo quando dá gozo.

      Um abraço.

  3. Tiago

    Adorei ver os videos e os relatos detalhados de todos os dias. Muit fixe.

    Desaprovo contudo a forma reckless com que se ultrapassa em terras Marroquinas… pela Organização…Para além da quebra das regras de transito (risco continuo) e eventual perigo de acidente, a imagem que se transmite não é seguramente a que queremos que fique marcada nos habitantes locais e em nós mesmos.
    De resto 5*
    Obrigado Pedro.

    • Pedro Machado

      Caro Tiago,

      antes de mais, obrigado pelo comentário.

      Quanto ao que diz, eu percebo, mas tem de entender que nem todos os países são iguais. um comportamento que na Europa é reprovável, em Marrocos é aceitável. Por exemplo, no caso dos traços contínuos, é aceitável pisá-los, e a menos que o faça mesmo em cima das barbas da policia (que nesse caso, ver-se-á obrigada a agir), o comportamento é aceite pelas autoridades dentro de certos limites. Não somos nós, estrangeiros, que vamos para lá fazer isto…é a forma como os locais conduzem lá, portanto, o que indica de ficar essa imagem guardada nos locais não é verdade…simplesmente fazemos o mesmo que eles.

      E note outra coisa, uma ultrapassagem que pode, em vídeo, parecer reckless e perigosa, nomeadamente quando o fazemos em curva, é na realidade feita com segurança. Quando fazemos estas manobras, existe sempre um carro várias centenas de metros à frente que indica se vem transito em sentido contrário, e só o fazemos quando adicionalmente a estrada não tem entradas laterais.

      ou seja, é verdade que conduzimos de forma mais agressiva, se assim o quiser apelidar, mas também é verdade que independentemente do que parece no vídeo, é feito com muito mais segurança que muitas manobras feitas em estradas nacionais cá em Portugal.

      Mas isto dito quer dizer pouco…tem de se ver no terreno como as coisas funcionam para ter a real perceção. Quem sabe, um dia nos cruzamos por lá.

      Um abraço.

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